Travessia da Serra Fina Clássica – 4 Dias

O Feriado prolongado do dia 12 de Outubro de 2017 se aproximava e mais um vez era hora de guiar em uma das travessias mais famosas do Brasil, a “temida” Serra Fina, ainda com muita fama de ser a mais difícil do Brasil, não que isso seja verdade, mas não é nem de perto uma travessia fácil de ser realizada e exige bastante preparo tanto físico como mental de quem pretende realiza-la.

Encontrando o grupo – Quarta Feira 

Nosso ponto de encontro era as 23 horas no metro Tatuapé, as histórias já começaram ali mesmo, um dos participantes chegou no na estação e se deu conta que esqueceu, fogareiro, refil de gás, corta vento… o jeito foi correr até em casa para buscar as coisas que estavam faltando pois não podia ficar sem.

Entre os atrasos de alguns participantes e também da van que o motorista dormiu demais saímos da estação já era quase meia noite. Sem problemas, com uma parada na estrada para banheiro ainda começaríamos a aventura bem cedo.

1º Dia – Toca do Lobo / Cume do capim amarelo

O primeiro dia é na minha opinião o mais difícil de toda a travessia, a noite mal dormida na van, o dia de serviço anterior (para a maioria das pessoas) o grande desnível de subida até o cume do capim amarelo e a “aclimatação” do corpo são alguns dos fatores que devemos enfrentar.

Alguns dias antes da travessia estávamos um pouco apreensivos com o tempo, pois havia possibilidade de chuva na serra, mas o tempo foi ficando cada vez mais firme até que o problema foi exatamente o inverso, o sol acabou se tornando nosso pior inimigo.

O Sol escaldante, e o calor brutal aliados ao desnível de subida de quase 1.000 metros até o cume fez com que todos nós nos perguntássemos se iriamos aguentar o restante da travessia.

Mesmo tendo começado a subida bem cedo (04:45) para fugir do calor fomos pegos no meio da subida. Pouco mais de 300 metros de distância do cume eu estava exausto, o companheirismo falou mais alto e um dos participantes do grupo que já havia chegado no cume fazia algum tempo voltou para me ajudar com a cargueira.

Todos chegaram no cume por volta das 13 horas e pudemos descansar o suficiente para enfrentar o próximo desafio.

2º Dia – Capim Amarelo / Base da Pedra da Mina

Por esse ser um dia curto em distância, e como não pretendíamos dormir no cume da Pedra da Mina não havia necessidade de madrugar. Acordamos a tempo de ver o Sol nascer e esperamos clarear para começar nossa caminhada.

Era hora de deixar o Capim Amarelo para trás e focar no próximo objetivo, com o corpo descansado e uma boa noite de sono foi muito mais fácil vencer este do que o primeiro dia. Também vale lembrar que o segundo dia tem menos subidas e mais sombras (que aproveitamos sempre que passávamos por elas).

Conforme o dia avançava e nossa reserva de água diminuía cada gota começava a valer mais, não víamos a hora de chegar na cachoeira vermelha para que pudêssemos beber água a vontade.

(Eder parecendo uma criança em um pequeno poço de água da cachoeira vermelha.)

Agora bem hidratados, faltava pouco para chegar no nosso ponto de acampamento.

Grupo assistindo o pôr do sol na base da Pedra da Mina

3º Dia – Base da Pedra da Mina / Bambuzal – Base 3 Estados 

Considero este o dia mais bonito e gratificante de toda a travessia, avistar o Agulhas Negras e o PNI, subir o Cupim de Boi, e tomar um banho na água sempre congelante do Vale do Ruah são algumas das recompensas dele.

Acordamos quase duas horas antes do nascer do Sol para ter tempo de tomar café, desmontar acampamento, e subir a mina antes do Sol nascer.

Fisicamente acho o terceiro dia muito parecido com o segundo, bastante técnico e pouca distância a ser percorrida.

Após descer a Mina, o dia já estava bastante quente e era hora tomar um banho gelado nas águas do Ruah, infelizmente nem todos do grupo tiveram coragem de entrar na água.

Essa parte da travessia é sempre um mix de sentimentos, o banho é maravilhoso mas também é o ultimo ponto de água, e é preciso pegar toda água que usaremos até o fim da travessia. Peguei 6.5 litros já sabendo que isso era o que suficiente (sem gastar demais) até o final.

Gosto de acampar no Bambuzal por ser um local bem protegido, diferente dos outros pontos da travessia e não precisar disputar espaço no cume dos três estados que tem poucos pontos de camping e se parece muito com o capim amarelo.

Precisávamos dormir cedo pois iriamos madrugar e ainda pegar a virada do horário de verão, após muitas risadas durante a janta, aproximadamente as 20 horas todos já estavam dormindo em suas barracas.

4º Dia – Bambuzal – Base 3 Estados / Sitio do Pierre – Rodovia

Madrugar tem suas vantagens, foi muito mais tranquilo subir o 3 Estados sem ter o sol queimando nossas cabeças e isso nos deu bastante empolgação e rapidamente chegamos ao cume a tempo de ver o Sol nascer.

Após todos assinarem o livro do cume, não perdemos tempo e começamos a descida, acredito que fomos os primeiros a descer a montanha. O ultimo dia é bem longo e queríamos chegar o mais cedo possível no fim para evitar o trânsito ao voltar para SP.

O clima deu uma ajuda e o sol ficou um pouco escondido na maior parte do dia o que ajudou muito nosso grupo avançar.

Apesar de longo, é fácil deixar a serra para trás, a empolgação de poder tomar uma bebida gelada e comer algo que não seja “comida pronta” ajuda no psicológico e nos faz ganhar km´s rapidamente.

Já na rodovia e livre das cargueiras.

Não importa quantas vezes eu realize essa travessia, é sempre um experiencia nova. E posso dizer que já fiz em todo os tipos de clima, com 4 dias de chuva, no inverno com temperaturas negativas, e no calor com o sol escaldante e sem dúvidas o ultimo é o mais desafiador de todos eles.

ROOTS – Raízes da Aventura
CADASTUR  28.897.892/0001-94
Guia de Turismo 25.392081.97-4

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